quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

UM PASSADO AGRIDOCE



Quando criança brinquei muito na rua, mas me lembro de ter passado boa parte em cima da cama. Tive rubéola (com menos de um ano), sarampo, catapora, papeira e algumas pneumonias. Com sarampo perdi a visão, mas foi voltando no mesmo dia.Como ela ficou preocupada quando eu disse de cima da cama: - estou voltando a ver. Eu disfarcei para não ser levada ao hospital.
Mamãe só me levou ao médico duas vezes: uma pra avaliar pq eu era tão palidazinha e outra quando passei um mês menstruada e com febre. Sobre a palidez, a médica falou q meus vasos sanguíneos eram menos superficiais. Da segunda vez q fui, nada foi diagnosticado.
Nas minhas acamações eu tinha delírios pq a febre era sempre alta.Lembro da minha irmã e meu irmão juntos de mim na cama rindo das bobagens q eu falava.
Minha mãe tratava a minha febre com antitérmico e muitos panos embebidos com álcool(sobre a testa, garganta, tórax e costas). Dava um frio doído quando o pano encostava. Pior era quando tinha q tomar o banho: mamãe pegava uma bacia de alumínio, colocava uma água "pelando o couro", com álcool e colônia.
Ela era rezadeira, benzedeira das boas e sempre pegava um ganhinho de pinhão-roxo q tinha no nosso jardim, pra me benzer: "com dois te botaram, com três eu te tiro..." E o galhinho ia ficando murchinho.

Ruim é ficar doente, mas como é bom ter por perto da gente quem nos ama e cuida. Melhor médica, nunca haverá.

Saudade tem nome.

(Cecília Villanova)

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