quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Deixo este soneto do poeta Francisco Otaviano(26 de junho de 1826 - 28 de junho de 1889) Lembrando minha mãe que tanto recitava estes versos e que deixou muitos amigos e muita saudade!
Soneto
Morrer, dormir, não mais: termina a vida
E com ela terminam nossas dores,
Um punhado de terra, algumas flores,
E às vezes uma lágrima fingida!
Sim, minha morte não será sentida,
Não deixo amigos e nem tive amores!
Ou se os tive mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é pobre no mundo; que me importa
Que ele amanhã se esb'roe e que desabe,
Se a natureza para mim está morta!
É tempo já que o meu exílio acabe;
Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta
Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?
(Francisco Otaviano)
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2 comentários:
Cecília,
É um belo soneto de Francisco Otaviano. Pertencente ao período das imposições do Realismo sobre a prosa e também sobre a poesia, é um soneto cru, cético, frio, bem à moda do estilo que predominava. E é essa a beleza que carrega. O que me atraiu a atenção ainda mais foi a lembrança de sua mãe, que o recitava, mas que em nada se identifica a vida com a vida que o poeta descreve, pois está claro que ela “deixou muitos amigos e muitas saudades”, enquanto que Otaviano não tem amigos nem deixou amores, nem tem da vida o menor gosto. Um contraste interessante.
Um abraço carinhoso
Marcelo Bandeira
Prima, que lindo sonete e tao conhecido tambem por la por casa (coisas de familia, certamente).
Uma linda homenagem, nao resta duvidas, minha querida.
Estive aproveitando uns dias de ferias de minha filhota e deixei o meu blog meio no piloto automatico e somente hoje estou podendo visitar aos blogs queridos e o seu e o primeiro da lista, com certeza.
Pouco a pouco estarei colocando a leitura em dia, afinal sao duas semanas de atrasos.
Beijos, flores e muitos sorrisos!
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