quinta-feira, 16 de agosto de 2012

16 DE AGOSTO - DIA DO POETA RECIFENSE!


Mauro Ramos da Mota e Albuquerque foi um dos mais destacados homens públicos pernambucanos do século 20. Poeta, cronista, geógrafo, folclorista, jornalista e gestor de instituições culturais, nasceu no Recife em 16 de agosto de 1911 e faleceu na mesma cidade no dia 22 de novembro de 1984.

Embora nascido na capital, Mauro Mota passou a sua infância na pequena cidade de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, onde conviveu de perto com a cultura rural canavieira que tantos reflexos deixaria em sua obra — tanto em prosa quanto em verso —, marcando-o de valores folclóricos e telúricos, tornando-o, a seu modo, um paisagista e um cronista de um mundo provinciano prestes a mudar social e economicamente.

Desde jovem, sentiu-se vocacionado para as Letras e as Humanidades, tendo publicado suas primeiras produções literárias ainda no curso secundário do Colégio Salesiano, no Recife, onde conheceu aquele que viria a ser um dos seus maiores amigos e incentivadores — o igualmente jovem Álvaro Lins, que posteriormente se tornaria um dos grandes críticos literários do País. Nesse mesmo colégio, foi aluno do crítico Oscar Mendes e integrante de uma geração de intelectuais pernambucanos que, entre outros nomes, teria um João Condé, um Amaro Quintas e um GilbertoOsório de Andrade.

Como costumava acontecer naquela época (quase meados do século 20), à falta de oferta de cursos de Letras, os jovens escritores terminavam ingressando no jornalismo, no magistério ou no curso de Direito. Em literatura, eram quase que involuntariamente autodidatas. Com Mauro, não foi diferente. Em 1937, já de par com sua atuação na imprensa recifense, bacharelava-se em Direito. Logo também o vemos tornar-se professor do Instituto de Educação de Pernambuco, onde, em 1955, defenderia a tese (para a cátedra de Geografia do Brasil) O cajueiro nordestino, que mais tarde se converteria em livro clássico sobre o tema.

Viúvo, em 1947, da primeira mulher — Hermantine Soares Cortez —, com quem se casara em julho de 1939, e pai de um casal de filhos — Roberto e Luciana —, casou-se, em 24 de fevereiro de 1949, com Marly Arruda, com quem teria mais quatro filhos: Maurício, Sérgio, Eduardo e Teresa Alexandrina.

O sucesso literário veio com o lançamento do livro de estreia — Elegias — em 1952, um conjunto de poemas cujo principal bloco era formado por dez sonetos em memória da primeira esposa. A obra chamou a atenção da crítica e ganhou prêmios da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras. Daí por diante, publicaria vários outros volumes de versos, a exemplo de Os epitáfios, O galo e o cata-vento, Canto ao meio e Itinerário, consolidando-se, segundo muitos críticos, como um dos mais importantes poetas da chamada Geração de 1945 da literatura nacional. Em 1970, muitos anos após já integrar o quadro de escritores da Academia Pernambucana de Letras, o sucesso inicial seria coroado com seu ingresso na Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a vaga deixada pelo escritor sergipano Gilberto Amado.


Ao lado da poesia, Mauro Mota também teve uma fecunda criação em prosa, na qual revelou seus dotes de cronista, de crítico e de pesquisador social sempre preocupado com sua região e sua terra natal. Nesse caso, enquadram-se as obras O cajueiro nordestino; Paisagem das secas; Capitão de fandango; Os bichos na fala da gente e Geografia literária.

Neste breve perfil biográfico, cabe destacar o gestor público Mauro Mota, pois o poeta esteve na direção executiva do então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (atual Fundação Joaquim Nabuco ), de 1956 a 1970, nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek, e de órgãos e entidades como o Arquivo Público Estadual, o Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco e a Academia Pernambucana de Letras.

Dentre os prêmios e honrarias que recebeu, destacam-se o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, a Medalha Pernambucana do Mérito, outorgada pelo Governo do Estado de Pernambuco, e a Medalha Joaquim Nabuco, esta última concedida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Ao falecer aos 73 anos, vitimado por um câncer, deixava atrás de si uma obra e um nome consagrados pela crítica e pelos mais diversos círculos sociais. Seu funeral, noCemitério de Santo Amaro, foi um dos maiores a que já assistiu a capital pernambucana. Porque o poeta — homem de muitos amigos e um eterno apaixonado pelo Recife — era realmente querido de todos. Sua gentileza e sua cordialidade, ao lado do seu fino humor, tinham conquistado para sempre inúmeros admiradores — alunos, leitores e confrades. Dentre tantas homenagens prestadas por ocasião de sua morte — artigos de jornal, editoriais, depoimentos, sessões acadêmicas, etc. — pode ser destacada a decisão da Câmara Municipal do Recife que instituiu o dia de nascimento do escritor — 16 de agosto — como o Dia do Poeta Recifense.


Nenhum comentário: