segunda-feira, 28 de junho de 2010

A POESIA DE GONZAGA LEÃO



Quando em 2004, fui a um recital de poesia aqui em Recife e fui presenteada com o livro "Casa Somente Canto Casa Somente Palavra", tive o prazer de conhecer a poética de Gonzaga Leão( um expoente na literatura alagoana), até então "desconhecido" para mim. Fiquei maravilhada com a singularidade de seus versos e passei então a tê-lo entre os livros de minha prateleira. É um livro para ler e reler em qualquer época e apresentar a quem chega à casa... Algo que temos em nós, somos nós... Nosso alicerce.
E é por isso que faço questão, que você leitor, assim com eu, também o conheça, pois o que há de melhor em nossa literatura deve ser expandido aos quatro cantos.


(Cecília Villanova)

A seguir, sobre o autor e suas poesias

Luiz Gonzaga Leão, filho de Silvestre Barros Leão e Rocina Araújo Leão, nasceu em União dos Palmares, a 05 de junho de 1929.

Estudou o primário e o secundário no Colégio Guido de Fontgalland, uma das mais tradicionais escolas de Maceió.

Bacharelou-se em direito, pela Faculdade de Direito de Alagoas.

Seu primeiro livro publicado foi "A rosa acontecida", em 1957, aos 28 anos.

Através de concurso ingressou no Banco do Brasil, tendo trabalhado no Rio de Janeiro e em Maceió. Atualmente está aposentado.

Participou da antologia 14 poetas alagoanos, organizado por Valdemar Cavalcanti, em 1974.

Teve sua obra reconhecida por escritores como, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Moliterno e Mauro Mota.

É membro da Academia Alagoana de Letras, ocupando a cadeira de número 35.

É também membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.

Gonzaga já recebeu vários prêmios nacionalmente e internacionalmente por suas obras.

Seu último livro publicado foi "Preparação da manhã", em 2005.

Livros publicados:

* A rosa acontecida - 1957
* Mar de encanto - 1957
* Casa Somente Canto Casa Somente Palavra - 1986
* Preparação da manhã - 2005

Prêmios:

* Othon Linch Bezerra de Melo, da Academia Alagoana de Letras: 1º lugar com o livro "Mar de encanto".
* Concurso de Poesia Revista AABB, do Rio de Janeiro: 1º lugar com o poema "Sonho marítimo", 1956.
* Prêmio Jorge de Lima, da Academia Alagoana de Letras: 1º lugar com o volume inédito de poemas "O sonho e seus objetos", 1961.
* Prêmio Alvares de Azevedo, da Academia Paulista de Letras: Menção Honrosa com o livro "O sonho e seus objetos, 1961.
* Prêmio 'Os Melhores Sonetos do Banco do Brasil', promovido pla AABB do Recife: 1º lugar com o 'Soneto que fala de anjos e cavalos", 1993.
* Concurso Literário Flórida Review de Contos e Poesias, Flórida, EUA: 3º lugar com o poema "Ecológico de iniciação ao discurso".

Palavras de Drummond:

Rio de Janeiro, 09 de novembro de 1955

Meu caro poeta Luiz Gonzaga Leão

Aqui estou para agradecer-lhe, não convencionalmente, mas de coração, o oferecimento de seu livro. Se a ocorrência nele de belos versos me atrai, é natural que me comova particularmente aquele soneto consagrado às minhas supostas "propriedades aéreas" - sinal de uma afinidade poética muito grata para mim. Encontrei com alegria em A Rosa Acontecida uma presença humana e uma organização de poeta em desenvolvimento. O abraço cordial, com a simpatia confiante de Carlos Drummond de Andrade.

Palavras de Mauro Mota:

(...) Estamos em face de um dos mais puros poetas do Nordeste, sem que esta localização queira dizer predominância regional, o recurso às coisas locais como núcleo temático. Bem ao contrário, o seu mar tanto poderia ser o Atlântico de Alagoas como qualquer outro. E a sua força de navegante vem da circuntância de aparecer com a renovação do tema talvez mais batido na poesia de todos os tempos, o que indica também o inverso: o batimento da poesia. (...)

Mauro Mota

Diario de pernambuco, 25 de janeiro de 1959.

ALGUMAS POESIAS

SONETO QUATRO

Eu sei que a casa escutava
eu sei que a casa sentia
pois quando eu falava
a casa se comovia.

Tanto assim que ela chorava
pelas telhas se chovia
e me estendia seus braços
pelas portas que me abria.

Então entrava na casa
e em qualquer canto deitava
e em qualquer canto dormia.

Para acordar com os galos
que amanheciam a casa
e também me amanheciam.

POEMA QUATRO

Eu sei os versos que faço.
Como não saber? Se eu
sei que entre aqueles que amo
ninguém sabe um verso meu.
Que os versos todos que faço
como quem faz uma casa
tijolo sobre tijolo
palavra sobre palavra
os perco os desperdiço
os gasto como se gasta
perdulariamente a vida
por não saber terminá-la.

2 comentários:

campos disse...

Olá Cecília, legal seu blog, colorida, alegre e bem destribuído no espaço.

Iremar Marinho disse...

Cecília,
Grato por encontrar aqui o poeta conterrâneo palmarino Gonzaga Leão, uma das vozes mais fortes da melhor poesia. Seu blog, de tanto explícito, não precisa de elogios.
Estou sempre aqui.